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Artigo: Turismo e Patrocínio

O setor de turismo tem grande relação com o de patrocínios e seu potencial de crescimento pode contribuir significativamente para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.


Por Alexandre Hilgemberg Neto *

Muitas vezes quando se fala do Turismo no Brasil, menciona-se os baixos números de visitantes no país X nosso potencial de visitação e aí vem as comparações entre o volume de turistas estrangeiros e determinados atrativos como a Torre Eiffel ou o Louvre em Paris, a Torre de Pisa ou o Castelo de Buckingham em Londres aonde estes recebem inúmeras vezes mais pessoas de outros países.


Temos de ter em mente de que, mais que uma atividade econômica, o Turismo é um fenômeno social que, segundo dados da Embratur, trabalha com 432 cadeias produtivas interligadas representando 8% do PIB nacional. É um potencial indutor de crescimento comparável até mesmo ao nosso agronegócio, motor de nossa economia, e que poderia facilmente chegar em 20% de participação no produto interno bruto desde que receba a atenção adequada, formando assim um solido pilar de desenvolvimento socio econômico.


E como o mercado de patrocínio entra nessa?


Recentemente a Câmara dos Deputados, através do PL 6504/19 de autoria do Deputado Federal Felipe Carreras/PE, aprovou em comissão especifica ao tema projeto que prevê dedução no IR em caso de doação e patrocínio para fomento ao turismo. Segundo a Agencia Câmara de Notícias a proposta traz que o contribuinte poderá deduzir até 100% das doações ou 75% do montante dos patrocínios, até o limite de 1% do imposto devido cuja finalidade seja exclusivamente o fomento do turismo. Dados que mostram que a discussão sai da esfera privada e ganha ares de politica pública, reforçando a importância da relação entre Turismo e Patrocínio.


Em termos de inovação o Brasil apresenta um aporte de mais de U$ 500 milhões nas chamadas Turistech cuja atuação tem se direcionado para inciativas de eficiência operacional dado que é o maior campo de oportunidades pois o Turismo tem muitos processos manuais e ainda é muito analógico como afirma o Turistech HUB (localizado em São Paulo no Cubo - Itaú é o Hub de fomento ao empreendedorismo mais relevante da América Latina, capaz de gerar a conexão e transformar o Turismo através da inovação, com foco em competitividade e sustentabilidade).


Esta disrupção nos mercados tradicionais, ou seja, esta inovação significa troca! Collabs com outros parceiros do trade turístico ou fora dele para desenvolver as iniciativas necessárias para o desenvolvimento e para o retorno dos patrocínios dentro do segmento turístico. Isto pode ser alcançado através da análise de CRM com uso de dados para a tomada de decisão melhor e mais rápida. Encontrar o seu mix ideal de formatos de ativação e experiencias através do seu mix de clientes pois é o consumidor quem está disruptando as empresas e não a tecnologia ou as startups. O conteúdo dirige o funil!!


Boa parte da jornada ainda é híbrida, mesmo com o comportamento de compra digital, aonde o cliente faz toda jornada pré compra e fecha sua viagem, seu pacote, sua reserva de carro na loja física. Para que o ciclo todo seja completo a informação deve ser clara, o conteúdo diverso e relevante e o processo do início ao fim, dinâmico.


Inciativas com as da empresa 3D Play, que atua com gameficação de destinos e atrativos turísticos através de VR, tem ido nesta direção e chamado a atenção em eventos dos mais distintos setores como a Feira Labace de aviação civil. O equipamento da 3D Play possibilita uma imersão interativa do cliente no processo todo e a exposição de marcas tanto na estrutura aonde é montada a experiencia como dentro do metaverso aonde ela se desenvolve acaba fazendo um cross de marcas muito interessante.


Já no mercado dito tradicional temos um dado surpreendente com a CVC Operadora. Segundo seu Diretor, Roberto Vertemari, hoje em dia 30% das vendas da maior Operadora de Turismo é via WhatsApp e 70% em suas lojas o que ele chama de ciclo de compra “fígital”. Com isso a CVC tem investido ainda em lojas modulares, formato container como visto na última edição da Festuris Gramado e tem iniciado uma parceria com ASSAÍ Atacadista para a implantação de 60 lojas, em uma collab de sucesso.


Existem inúmeros cases interessantes nesta área mas trago aqui 2 que considero disruptivos para esta analise:


A XP Investimentos tem uma visão mais voltada para a parceria de abraçar o seu público, não necessariamente com patrocínio em aportes financeiros, mas sim através de experiencias e usa o esporte para isso. “A ideia é conectar com as pessoas de maneira diferente, cliente XP tem benefícios nessas parcerias para se diferenciar das demais fintechs” como afirma o CMO da empresa, Lisandro Lopez. Lisandro conta uma experiencia fantástica com seus clientes do mercado Agro: a XP proporcionou a este seleto grupo uma viagem de pescaria no Pantanal com toda a estrutura e conforto necessário. Como resultado obteve 72h de conexão direta com o público alvo. Ainda, com o patrocínio da escuderia Aston Martin F1, a companhia soube explorar esse ativo não somente durante uma prova da categoria, no GP Brasil – São Paulo, mas durante as 23 etapas no mundo / ano para trabalhar com público em Mônaco, Singapura, USA falando de business além, é claro, das emoções destes GP em si. Viagens inesquecíveis e

com alto ROO.


Outro case marcante é trazido por Ricardo Fort da Sport by Fort Consulting e former Head of Global Sponsorships da The Coca Cola Company e VISA, em seu artigo no LinkedIn. A plataforma de hospedagens AirB&B tem investido pesadamente em outras frentes de patrocínio como articulação para fomento de politicas públicas que possibilitem a operação da maior rede de acomodações do mundo, maior que as principais redes hoteleiras internacionais como Hilton e Accor Hotels somadas. Para evitar que legislações como as da cidade americana de Nova Iorque (proibindo esse tipo de acomodação na cidade e cobrando pesadas taxas) criem uma jurisprudência mercado afora, o AirB&B (que em 2022 faturou U$ 8,4 BI através de mais de 7 milhões de propriedades cadastradas) investe pesado no patrocínio ao COI – Comitê Olímpico Internacional. Para Fort, “O maior benefício deste patrocínio não são os direitos de marketing, o acesso aos atletas, ou os disputados ingressos, mas sim a proteção a leis contrárias aos interesses do Airbnb”


Imaginemos que o poder público das próximas cidades-sede dos jogos olímpicos, destinos turísticos globais, estipulassem leis como as da Big Apple, a plataforma poderia vir a ter uma perda de mais de US$ 400 milhões por ano. O patrocínio com investimento de cerca de U$ 500 milhões blindou uma receita estimada de incríveis US$ 2 bilhões. Um retorno sobre o investimento e benefícios que vão muito além da divulgação da marca. E como a magica acontece? Ricardo nos explica: “isso acontece porque quando uma empresa patrocina o COI, os governos das futuras cidades-sede – entendendo que o sucesso das suas Olimpíadas dependerá também da sua colaboração com estas grandes marcas – são encorajados pelo COI a dar um tratamento mais amigável para estas empresas”


Estes dados nos trazem a certeza de que sim, o Turismo tem grande relação com Patrocínios e seu potencial de crescimento irá contribuir para o desenvolvimento socio econômico do Brasil, alavancando novas oportunidades para o mercado e toda a sua cadeia transdisciplinar através de politicas públicas coerentes e trazendo maior e melhor retorno aos patrocinadores e clientes.


Alexandre Hilgemberg Neto, é Expert em Gestão de Vendas e Marketing. Diretor de Turismo e Hospitalidade e Membro Fundador da Associação Patrocínio Brasil. https://www.linkedin.com/in/alexandre-hilgemberg-neto-b72098129/

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